28 novembro 2011

Fado


Fado, Tinta da china e lápis sobre papel, A5, 2008



No teu poema
Existe um verso em branco e sem medida
Um corpo que respira, um céu aberto
Janela debruçada para a vida.

No teu poema
Existe a dor calada lá no fundo
O passo da coragem em casa escura
E aberta, uma varanda para o Mundo.

Existe a noite
O riso e a voz refeita à luz do dia
A festa da Senhora da Agonia
E o cansaço do corpo que adormece em cama fria.

Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva, a luta de quem cai ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte.

No teu poema
Existe o grito e o eco da metralha
A dor que sei de cor mas não recito
E os sonos inquietos de quem falha.

No teu poema
Existe um cantochão alentejano
A rua e o pregão de uma varina
E um barco assoprado a todo o pano.

Existe um rio
O canto em vozes juntas, vozes certas
Canção de uma só letra e um só destino a embarcar
O cais da nova nau das descobertas.

No teu poema
Existe a esperança acesa atrás do muro
Existe tudo mais que ainda me escapa
E um verso em branco à espera... do futuro.

...
José Luís Tinoco

25 novembro 2011

Estrela da Tarde


"Twilight Zone", Lisboa, 2010


Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia
...
Ary dos Santos, in Estrela da Tarde


19 novembro 2011

The Touch

Tinta da china (ArtPen) sobre papel, 40 x 30 cm, 2011

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Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

Miguel Torga

18 novembro 2011

Leda - O Sonho?

Lápis de cor sobre papel rugoso, 30 x 40 cm, 2010

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Na mitologia grega, Leda era uma jovem e bela princesa, recém-casada com Tíndaro, herdeiro do reino de Esparta. Gostava de deitar-se na relva, apreciando o canto dos pássaros e expunha seu corpo aos raios do sol, sob os olhares indiscretos dos deuses...
Certo dia, Zeus transformou-se num cisne e seduziu-a.
Dessa união, Leda chocou dois ovos e deles nasceram Clitemnestra, Helena, Castor e Pólux...

17 novembro 2011

Zebra Psicadélica

Aguarela e Tinta da China sobre papel, 30 x 40 cm, 2010

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O poema não é o canto
que do grilo para a rosa cresce.
O poema é o grilo
é a rosa
e é aquilo que cresce.
 
Natália Correia, in "Poemas"


15 novembro 2011

28

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O Eléctrico 28 é um verdadeiro ex-libris de Lisboa, e uma das melhores formas de conhecer a cidade.
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Tram 28 is a real ex-libris of Lisbon and one of the best ways to explore the city.

"Sardine Can", 2010

"Reds", 2010

"28", 2011

13 novembro 2011

Poesia Urbana


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A poesia é algo que anda pela rua. - Federico Lorca
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Toda a poesia, e a canção é uma poesia ajudada,
reflecte o que a alma não tem.
Por isso a canção dos povos tristes é alegre
e a canção dos povos alegres é triste.

Fernando Pessoa
"Red Laundry Day", Lisboa, 2010

"Romance", Lisboa, 2009 

"Heaven's Door", Óbidos, 2008 

12 novembro 2011

Open Day

"Exit", LX Factory, Lisboa, 11.11.11


"Industrial Chic", LX Factory, Lisboa, 11.11.11


"Before I die...", LX Factory, Lisboa, 11.11.11

11 novembro 2011

Espiral de Sonhos


Lápis de cor + lápis de cera sobre papel, 30 x 40 cm, 2011


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Teria passado a vida 
atormentado e sozinho 
se os sonhos me não viessem 
mostrar qual é o caminho

umas vezes são de noite 
outras em pleno de sol 
com relâmpagos saltados 
ou vagar de caracol

quem os manda não sei eu 
se o nada que é tudo à vida 
ou se eu os finjo a mim mesmo 
para ser sem que decida. 

Agostinho da Silva, in 'Poemas'

10 novembro 2011

Butterfly Effect


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Passa uma borboleta por diante de mim 
E pela primeira vez no Universo eu reparo 
Que as borboletas não têm cor nem movimento, 
Assim como as flores não têm perfume nem cor. 
A cor é que tem cor nas asas da borboleta, 
No movimento da borboleta o movimento é que se move, 
O perfume é que tem perfume no perfume da flor. 
A borboleta é apenas borboleta 
E a flor é apenas flor. 


Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos"


Vanessa Cardui - Borboleta Bela Dama


Papilio Machaon - Borboleta Cauda de Andorinha


Danaus Plexippus - Borboleta Monarca

09 novembro 2011

Metamorphosis


Acrílico sobre tela, 40 x 50 cm, 2011

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O progresso é impossível sem mudança. Aqueles que não conseguem mudar as suas mentes não conseguem mudar nada.
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Imaginar é o princípio da criação. Nós imaginamos o que desejamos, queremos o que imaginamos e, finalmente, criamos aquilo que queremos.

George Bernard Shaw



08 novembro 2011

À Janela


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Não basta abrir a janela 
Para ver os campos e o rio. 
Não é bastante não ser cego 
Para ver as árvores e as flores. 
É preciso também não ter filosofia nenhuma. 
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas. 
Há só cada um de nós, como uma cave. 
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora; 
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse, 
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.


Alberto Caeiro, in "Não basta"


"Tetris", Zambujeira do Mar, 2009

"Urban Poetry", Oeiras, 2009

"Blue Jeans", Lisboa, 2009

07 novembro 2011

Pontos de Vista 01


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Também às vezes, à flor dos ribeiros,
Formam-se bolhas na água
Que nascem e se desmancham
E não têm sentido nenhum
Salvo serem bolhas de água
Que nascem e se desmancham.
Alberto Caeiro in "O Guardador de Rebanhos"

"The Door", Lisboa, 2011

"Changes", Lisboa, 2011

"Frog Song", Lisboa, 2010

"8-bit", Lisboa, 2010

06 novembro 2011

Equilibrium

Acrílico sobre Tela, 30 x 30 cm, 2011
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De quem é o olhar
Que espreita por meus olhos?
Quando penso que vejo,
Quem continua vendo
Enquanto estou pensando?


Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"



05 novembro 2011

Estados D'Alma

...
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.


Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"


"Perdido na Tempestade", Lisboa, 2010


"Hey You", Lisboa, 2009


"Vida de Cão", Zambujeira do Mar, 2010

03 novembro 2011

Born in Lisbon

Lisboa, 2011
...
Que fazemos, Lisboa, os dois, aqui, 
na terra onde nasceste e eu nasci?

Alexandre O'Neill, in 'De Ombro na Ombreira'