08 novembro 2011

À Janela


...
Não basta abrir a janela 
Para ver os campos e o rio. 
Não é bastante não ser cego 
Para ver as árvores e as flores. 
É preciso também não ter filosofia nenhuma. 
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas. 
Há só cada um de nós, como uma cave. 
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora; 
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse, 
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.


Alberto Caeiro, in "Não basta"


"Tetris", Zambujeira do Mar, 2009

"Urban Poetry", Oeiras, 2009

"Blue Jeans", Lisboa, 2009

Sem comentários: